sexta-feira, 19 de maio de 2017

Novo Livro a caminho - Servants of the Star & the Snake


Capa
A Starfire Publishing tem o prazer em anunciar que um novo título – Servants of the Star & the Snake (Servos da Estrela e da Serpente) – uma coleção de escritos sobre o trabalho de Kenneth e Steffi Grant, compilado e editado por Henrik Bogdan – está sendo preparado para publicação ainda esse ano. 

Servos da Estrela & da Serpente são uma coleção cintilante e substancial dos escritos na celebração do trabalho de Kenneth e Steffi Grant. Seus diversos trabalhos publicados estendem-se através de seis décadas, tendo artigos sobre Advaita em revistas indianas do início dos anos 1950; uma série de ensaios ilustrados, formando as Carfax Monographs (Monografias Carfax), desde o final dos anos 1950 até o início dos anos 1960; sua magnum opus, as Trilogias Tifonianas, de 1972 a 2002; estudos do trabalho de Austin Osman Spare em 1975 e 1998; coleções de poesia em 1963, 1970 e 2005; e uma série de novelas de 1997 a 2012.

Cada peça escrita incluída em Servos da Estrela e da Serpente explora uma faceta diferente deste extenso corpo de trabalho. Enquanto os contribuintes adotaram abordagens diferentes para seus assuntos - desde discussões acadêmicas até narrativas ficcionais - o que eles têm em comum é uma apreciação do trabalho extraordinário e legado do casal mais influente na história do ocultismo moderno, Kenneth e Steffi Grant.

Contracapa

As peças que compõem esta fascinante e inspiradora coleção incluem:

•    Kenneth Grant: Servant-Satguru-Savant, by Martin P. Starr;
•    From Zos-Kia to the Besz-Mass: Spare and Grant, by Michael Staley; ;
•    Advaita Vedanta in the Works of Kenneth Grant, by Henrik Bogdan;
•    The Magic in Fiction, by Alistair Coombs;
•    From Central Africa to the Mauve Zone: Gerald Massey's Influence on Kenneth Grant's Idea of the Typhonian Tradition, by Christian Giudice;
•    The Role of H. P. Lovecraft in the Work of Kenneth Grant, by Stephen Dziklewicz;
•    Lam and the Typhonian Tradition, by Michael Staley;
•    Inside Outer Space, by Kyle Fite;
•    The Art of Darkness: Kenneth Grant and the Unity of the Soul, by Vadge Moore;
•    Kenneth Grant and Maat, by Nema;
•    Kenneth Grant and Lord Kusum Haranath, by Ruth Bauer;
•    Beyond Crowley: The Foundations of Sexual Magick, by Jan Fries;
•    Clarity versus Weirdness: A vital tension within magick, by Ramsey Dukes;
•    The Atomic Art of Steffi Grant, by Henrik Bogdan;
•    Shakti in Chinatown, by Michael Bertiaux.
•    The Other Woman: Babalon and the Scarlet Woman in Kenneth Grant’s Typhonian Trilogies, by Manon Hedenborg-White.

Jaqueta desenhada por Maria Lindberg Bogdan, usando arte de Austin Osman Spare. 



©Tradução de Cláudio César de Carvalho - 2017
Link original do texto em Inglês: Starfire Publishing Inc. 2017


sábado, 20 de junho de 2015

EXTRATO DO LIVRO BEYOND THE MAUVE ZONE

CAPÍTULO 12 (Um Filho Mágico)
Publicado pela ©Starfire Publishing, Londres, 1999.
 
The Dance of Kali - ©Steffi Grant


"Ao final de sua vida Frater Achad mantinha que Crowley fracassou em lançar a Palavra de um Magus, e que em consequência, ele, Achad, teve que perdurar muitos anos no Abismo, sendo totalmente incapaz de clamar o grau de Mestre doTemplo até que Crowley tivesse consolidado seus status como Magus. Crowley havia tomado nominalmente desde 1915, mas ele havia sido incapaz de fundamentá-lo pela perda da Palavra."
 
"No Diário Mágico de Crowley existem entradas que revelam uma ansiedade aguda e sentimentos de fracasso que ele experimentou em conexão com esse estágio crítico de sua consecução mágica. Frater Achad declarou que ele mesmo ouviu a Palavra em 1926, onze anos depois que Crowley tinha clamado o grau de Magus. A Cegonha ou Crânio, o Ovo [1], a Criança [2] e o Ninho foram assim conectados com sua própria iniciação e com os Trabalhos Mágicos de Crowley com os Feiticeiros Abuldiz e Amalantrah. Contudo, um novo cumprimento da profecia do Liber Legis ocorreu em 1977, quando a palavra 'ninho' [a] foi transmitida por Aiwass na linguagem Algoliana por uma médium na Iugoslávia." [b] 
 
 
Tradução de ©Cláudio César de Carvalho - 2015 
 
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Nota do Autor:
 
[1] O formato do crânio de Lam comporta o simbolismo do ovo.
 
[2] A criança foi tomada por Fr. Achad por ser uma referência a ele mesmo como um 'Bebê do Abismo' no qual clamou ter definhado por um ciclo completo de Saturno.
 
Nota do Tradutor:
 
[a] No original em Inglês 'nest'.
 
[b] Atual Sérvia e Montenegro.

EXTRATO DO MANIFESTO DA LOJA NOVA ÍSIS DE 1955 e.v.

Citado no romance "The Stellar Lode", publicado no Skoob Esoterica Anthology, 1995
©Skoob Books

"Uma nova e imperiosa influência está envolvendo a terra, até agora são poucos os indivíduos que estão abertos ao influxo de suas sutis vibrações. Seus raios procedem de uma fonte até então inexplorada por aqueles que não estão de acordo com ela em essência e espírito, encontrando seu presente foco no universo exterior no transplutônico planeta Isis."

"No íntimo do homem, também, essa influência tem um centro que irá lentamente começar a mexer com a humanidade como um todo, conforme esta influência se fortaleça e floresça. Como está no início do seu curso em relação ao homem, muitos séculos passarão antes que ele possa valer-se totalmente das grandes potências e energias que essa influência está, silenciosa e continuamente, concedendo a todos os que saibam indentificar o núcleo de seu ser com o seu coração profundo e inescrutável..." 
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EXCERPT FROM DOCUMENT OF THE NEW ISIS LODGE, 1955 e.v.
Quoted in the novel "The Stellar Lode", published in Skoob Esoterica Anthology, 1995
©Skoob Books
 
"A new and compelling influence is enveloping the earth, and, as yet, there are few individuals who are open to the influx of its subtle vibrations. Its rays proceed from a source as yet unexplored by those who are not at one with it in essence and in spirit, and it finds its present focus in the outer universe in the transplutonic planet Isis."

"In the inner being of man, also, this influence has a centre which will slowly begin to stir in mankind as a whole, as the influence strengthens and flowers. As it is at the beginning of its course in relation to man, however, many ages will pass before he may avail himself fully of the great powers and energies which this influence is silently and continually bestowing on all who know how to identify the inner core of their being with its deep and inscrutable heart..."

EXTRATO DO LIVRO THE NIGHSIDE OF EDEN

CAPÍTULO 3 (A Luz que é Negativa)
Publicado pela Frederick Muller, Londres, 1977 e ©Skoob Books, Londres, 1994.

"Escuridão é ausência de luz, uma ausência que faz possível a presença de tudo que parece ser. O Não-ser, do qual o símbolo é escuridão é a fonte do Ser, e entre esses dois terminais está a solução de continuidade representada pelo Abismo que separa o mundo numenal de Kether, com seus dois terminais gêmeos[1], do mundo fenomenal de Malkuth. O ponto exato de descontinuidade é marcado pelo Pilão de Daäth no meio do Abismo. Daäth é conhecimento do mundo fenomenal refletido para baixo através dos Túneis de Set na parte de trás da Árvore. Esse conhecimento, ou Daäth, é a morte do Ser. Isso representa o estágio primário em que as mortalhas são tecidas sobre a múmia que entra no Amenta no Deserto de Set. Ela aparece na frente da Árvore com o semblante aparentemente vivendo do ego com que se identifica em sua descida gradual na matéria (Malkuth). Seu despertar para a consciência mundana é em realidade um sono e uma morte do qual o original Princípio da Consciência pode ser recuperado apenas ao viajar pelos Caminhos de Amenta no sentido inverso. Esta viagem para trás através dos Túneis de Set começa no Tuat, a passagem preliminar ou 32º Caminho que leva de volta de Malkuth (consciência mundana) às esferas astrais de Yesod".

Nota do Autor:

[1] Chokmah (sujeito) e Binah (objeto).     

EXTRATO DO LIVRO THE OUTSIDE THE CIRCLES OF TIME.


CAPÍTULO 9 (Ma-Ion)
Publicado pela Frederick Muller, Londres, 1980 e ©Starfire Publishing Ltd, Londres, 2008.


O processo de verdadeira encarnação[1]  é, portanto, tríplice, e que esta seja idêntica com

a) a criação adequada ou formulação de um universo mágico;
b) a projeção desta sobre a substância do espelho-plasmático do Externo[*];
c) a instalação bem-sucedida do Adepto como o centro de seu universo.

Muitos equívocos relacionados com a mecânica da reencarnação surge da incapacidade de perceber que nenhum indivíduo pode começar a trilhar o Caminho Místico, assim chamado, até que ele tenha 'desistido do mundo', não o mundo externo incipiente, mas o universo mágico criado pelo Adepto como um veículo para o seu funcionamento. Ele pode renunciar esta casca somente quando ele realmente encarnou dentro dela, e, depois de ter vitalizado-a, dominado-a totalmente. Este é o sacrifício supremo, pois - fracassando nisso - ele é lançado como se estivesse nu no abismo. Não o abismo que separa as Supernas do restante da Árvore, mas o abismo que existe dentro da coluna central ou tronco da Árvore, o Nada que irradia o Todo, a aranha no centro da teia do universo externo ou ilusório. Até este ponto ser apreendido e assimilado completamente, a encarnação e a morte do magista e seu renascimento como um místico, no sistema-estelar da A.'.A.'. não pode ser apreendido. É a interpretação pueril dessa doutrina que levou os não iniciados supor que é o mundo dos sentidos exterior só que tem de ser renunciado. Não se pode desistir do que não se possui. Portanto, o número de magistas mortos é legião; o nascimento de um místico, raro.

Nota do Autor:

[1] I.e. a encarnação de um Adepto.


Nota do Tradutor:

[*] Quando Kenneth Grant aponta a palavra no original em Inglês 'Outer' com a letra inicial maiúscula, para nossa língua, equivale à 'Externo' indicando o Colégio Externo que tipifica o plano da personalidade (formado por estratos psíquico-emocionais) que estão estabelecidos no Triângulo Inferior da Árvore da Vida. Isso não inclui apenas aqueles que ainda seguem o sistema da A.'.A.'. Crowleyana, mas se refere principalmente ao homem comum. 
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EXCERPT FROM THE OUTSIDE THE CIRCLES OF TIME BOOK.
CHAPTER 9 (Ma-Ion)
Published by Frederick Muller, London, 1980 and ©Starfire Publishing Ltd, London, 2008.


The process of true incarnation[1]  is therefore threefold; and it is identical with

a) the proper creation or formulation of a magical universe;
b) the projection of it on to the plasmatic mirror-substance of the Outer;
c) the successful installation of the Adept as the centre of his universe.

Much misunderstanding relating to the mechanics of reincarnation arises from failure to realize that no individual can begin to tread the Mystical Path, só called, until he has 'given up the world'; not the world of the inchoate outer, but the magical universe created by the Adept as a vehicle for his functioning. He can surrender this shell only when he has truly incarnated within it, and, having vitalized it, mastered it utterly. This is the supreme sacrifice, for – failing this – he is cast as it were naked into the abyss. Not the abyss that separates the supernals from the remainder of the Tree, but the abyss that exists within the central column or trunk of the Tree, the Nothingness that radiates All, the spider at the centre of the web of the outer or illusory universe. Until this point is grasped and thoroughly assimilated, the incarnation and death of the magician and his rebirth as a mystic into the star-system of the A.'.A.'. cannot be comprehend. It is the puerile misinterpretation of this doctrine that has led the unitiated to suppose that is the world of outer sense only that has to be surrendered. One cannot give up that which one does not possess. Hence the number of dead magicians is legion; the birth of a mystic, rare.   

Note from the Author:

[1] I.e. the incarnation of an Adept.

domingo, 5 de maio de 2013

Aleister Crowley and the Hidden Gods - Resenha





Essa boa resenha de Aleister Crowley and the Hidden Gods foi recentemente enviada para o site da Starfire Publishing. Tendo sido originalmente publicada na edição de Maio/2013 da Revista Australiana 'Living Traditions'


É difícil para muitos magistas modernos de qualquer tradição pensar no que havia antes de Kenneth Grant.
Thelema antes da publicação de The Magical Revival, em 1972, era uma "balaio de gatos" muito diferente. Grant transformou a face da magick, não só consolidando a sua própria reputação como o magista mais inovador de todos os tempos, mas revolucionando a nossa compreensão de Qabalah, Tantra e a relação entre o oriente e o ocidente. Olhando para trás, é difícil explicar a radical mudança que o trabalho de Kenneth Grant trouxe para Thelema e a magick em geral. Suas obras são agora itens necessários em qualquer biblioteca de magistas e ainda, sua abordagem ofereceu uma visão muito diferente de Thelema com sua exploração de magia sexual e a natureza do lado negro causando  muita polêmica.

Aleister Crowley and the Hidden Gods explora ainda mais os temas das tendências mais obscuras da magick focando sobre a natureza da magia sexual. A capacidade de Grant de oferecer uma síntese abrangente do Vama Marga e do Culto da Mulher Escarlate ainda é uma das mais perspicazes já oferecidas. Seu trabalho sobre magia dos sonhos tem continuado a influenciar praticantes hoje; eu, particularmente, vejo sua ressonância e requinte no tradicional Cultus Sabbati do já falecido Andrew Chumbley.

Grant oferece um resumo da vida e dos ensinamentos de Aleister Crowley e investiga os seus significados esotéricos e tântricos em comparação com os Tantras e outras tradições. Grant também explora os significados mais profundos das técnicas mágicas utilizadas na Golden Dawn e outras ordens ocultistas.


Um dos elementos-chave de Aleister Crowley and the Hidden Gods é a fórmula de Babalon ou a Mulher Escarlate e o uso sagrado do sexo e fluidos corporais ou Kalas, do qual Grant revela a existência de um ciclo de 16 tipos. Essa seqüência está relacionada ao verdadeiro significado do poder da serpente ou Kundalini. Embora muitos tenham visto o Liber Al vel Legis (o Livro da Lei), como um texto espiritual, Grant lhe confere profundidade especial pela transmissão recebida tal como um Tantra. É a mesma coisa com a O.T.O. que a maioria via como uma estrutura administrativa ou ritual simples, mas que Grant revela manter intenso e profundo o significado tântrico.
Controle de Sonho tem uma longa história, incluindo dentro das seitas do Budismo Tibetano e do Hinduísmo; Dion Fortune e Austin Osman Spare também tinham suas próprias técnicas e métodos. Grant explora em detalhes o controle do sonho através da magia sexual. A singularidade do método tântrico ensinado por Crowley é que tem o potencial para ser ligada a terra e, portanto, efetivamente transformar a realidade.

Estendendo-se daí esta é uma verdadeira compreensão do Sabbat das bruxas e da natureza secreta da bruxaria como encontrado no uso da magia sexual e do poder da Kundalini

Algumas explorações continuam a ter um efeito de caminho além de Thelema dentro da Bruxaria Tradicional e aqueles que buscam uma abordagem mais profunda para a Arte. Como este trabalho perspicaz continua Grant a explorar como o microcosmo e o macrocosmo são inter-relacionados e os mistérios que se encontram no corpo, planetas e forças além do espaço e tempo.

Esta é uma soberba nova edição de uma obra importante, que ainda é relevante hoje, quando muitos têm criticado a visão de Grant, mas ninguém tem se aproximado o suficiente e oferecido uma alternativa viável para esse assunto que fosse uma crítica realmente válida.
Embora muitos textos sobre Tantra Hindu e Budista tenham sido publicados desde os anos de 1970, especialmente no campo da Vajrayana, nenhum invalidou a exposição de Tantra sexual de Grant, simplesmente forneceu mais detalhes.
Aleister Crowley and the Hidden Gods foi novamente diagramado, erros corrigidos a partir da própria cópia de Kenneth Grant do livro e incluídas novas imagens e algumas das gravuras antigas foram agora reproduzidas a cores.
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A permissão para reproduzir esta resenha é dada , em parte ou na íntegra, desde que Living Traditions” seja creditado como a fonte e o endereço do site seja incluído



©Tradução de Lília Palmeira - 2013
©Revisão de Cláudio César de Carvalho - 2013

domingo, 24 de fevereiro de 2013

O Mundo Tifoniano de Kenneth Grant

Uma Entrevista com Michael Staley













Não há ninguém que trabalhe com o oculto com conotações mais estranhas que Kenneth Grant. Há décadas, no entanto, o famoso escritor britânico e discípulo de Aleister Crowley, têm vida solitária, longe dos holofotes.
Então, tentando entrar em contato com ele, me encontrei com seu braço direito e agora líder da Ordem Tifoniana, Michael Staley. O diálogo que se seguiu entre nós foi muito interessante, porque, pela primeira vez, uma revista grega teve acesso às profundezas da Tradição Tifoniana...

George Ioannidis  


Sr. Staley, em primeiro lugar você poderia nos contar brevemente como você chegou ao ocultismo? O que exatamente o atraiu para este campo?
O mais longe que posso me lembrar na minha infância, é que sempre fui interessado em fantasmas e similares. Quando entrei em minha adolescência, instalou-se um interesse em Espiritualismo, pelo ocultismo e misticismo oriental, especialmente o Budismo. Lembro-me de ser fascinado por Lobsang Rampa na época. Na década de 1960 eu me tornei cada vez mais consciente do nome de Aleister Crowley. Logo depois que houve uma explosão de interesse em Crowley com os hippies e a psicodelia. No início de 1970 me deparei com a obra de Kenneth Grant, e tornei-me extremamente interessado nela, a ponto de ingressar na O.T.O. Tifoniana. Embora eu me dedicasse ao trabalho de Kenneth Grant, foi somente alguns anos antes que começasse a entender o impulso do mesmo, um processo de assimilação auxiliado pelo meu trabalho mágico e místico, e por tornar-me editor de Grant em 1990.
Foi Kenneth Grant que me incentivou a lançar uma revista, Starfire, a primeira edição da qual foi publicada em 1986. Isto se transformou na Starfire Publishing, que é agora a minha ferramenta principal na propagação da Gnose Tifoniana.
Desde o início de 1990 eu tenho estado cada vez mais interessado ​​no trabalho de Austin Osman Spare  ̶  tanto a arte como a escrita.


Quando você encontrou Kenneth Grant pela primeira vez? Qual foi a sua impressão?
Meu prazo Probatório para a entrada na Ordem Tifoniana foi concluído com êxito em janeiro de 1976, enquanto eu estava vivendo em um kibutz israelense. Em 1978 eu finalmente voltei de Israel, e encontrei Kenneth Grant pela primeira vez pouco depois. Naquela época, ele estava encontrando novos participantes para a Ordem como uma questão natural. Minhas impressões iniciais foram muito favoráveis​​, ele surgiu como um intenso, articulado, inteligente e muito empenhado Thelemita. No início de 1980 me tornei seu braço-direito na Ordem, uma posição que tem sido um trabalho árduo, mas muito gratificante, e, no curso do qual eu experimentei e aprendi muito.


Você pode nos dizer algo sobre suas características, seus hábitos e sua vida cotidiana?
Kenneth é muito perspicaz ao preservar sua privacidade, tanto quanto possível, então eu só posso falar de forma breve e geral. Ele é um homem de grande integridade e discernimento, e tornou-se cada vez mais recluso ao longo dos anos. Eu não sei muito sobre seus hábitos e sua vida diária.

Em poucas palavras, o que exatamente é a Tradição Tifoniana?
É comunhão com o que alguns têm chamado de "Lá Fora", sejam considerados como os confins do espaço para além do terrestre, ou as varreduras da consciência além da humana. Consciência é um continuum que abarca tudo, alcançando de forma muito mais ampla e profunda do que a consciência humana, que é relativamente superficial e transitória. A Tradição Tifoniana está interessada no encontro e exploração dessas profundezas. Como Crowley comentou em um pós escrito do capítulo 30 de Magick Without Tears:

Eu pensei em um bom plano para colocar minha posição fundamental por si só em um pós-escrito, para enquadrá-la. Minha observação do Universo me convence de que há seres de inteligência e poder de uma qualidade muito maior do que qualquer coisa que podemos conceber como o ser humano, que eles não estão necessariamente baseados nas estruturas cerebrais e nervosas que nós conhecemos, e que somente e única chance para a humanidade avançar como um todo é que os indivíduos façam contato com tais Seres.

Esse é, em minha opinião, um resumo muito bom da situação.

Os verbetes para a Tradição Tifoniana ou Draconiana nos Glossários dos volumes das Trilogias Tifonianas são bastante diversificados. Nenhum deles são definições estritamente falando, mas descrevem as diversas facetas da Tradição. É melhor tomar essas várias facetas e tentar intuir a base a partir das quais elas brotam.

De que forma a Ordem Tifoniana (O.T.) é diferente da O.T.O.?
Nos dias de Crowley a O.T.O. operava em lojas onde as iniciações eram conferidas no curso de cerimônias em grupo, que eram quase-maçônicas em natureza; tanto quanto eu sei, é também o mesmo modelo da moderna O.T.O.. Na Ordem Tifoniana, iniciações surgem no curso do trabalho mágico e da prática mística.
Quanto às semelhanças entre a moderna O.T.O. e a Ordem Tifoniana é que ambas derivam da O.T.O. de Crowley, e ambas têm como objetivo o estabelecimento da Lei de Thelema.


Quantas Lojas ativas da O.T. estão no mundo hoje? Há alguma na Grécia?
Atualmente, a Ordem Tifoniana não está organizada em lojas, mas é composta de membros individuais em vários países ao redor do mundo. Não temos quaisquer membros na Grécia no presente. uma loja em Londres, que atua há muitos anos, e que prossegue o trabalho com Lam em nível de grupo.


Qual você acha que seja o impacto geral de Grant para Thelema?
Nós vamos ser capazes de responder a essa pergunta melhor em 50 anos ou mais. Em minha opinião ele moveu Thelema para além dos limites de um culto de personalidade centrada em torno de Crowley. Quando The Magical Revival foi publicado em 1972, foi refrescante ler algo que não era simplesmente uma repetição de Crowley. Grant tinha feito mais evidente um alcance mais amplo e profundo de Thelema, e suas afinidades com outros trabalhos mágicos e místicos, tão bem como afinidades com atividades que não são consideradas ocultas ou mágicas.
O fundamental para o trabalho de Grant é a não-dualidade, uma percepção que sustenta tradições tais como Advaita, Sunyavada, e etc. Consciência é um continuum, no qual as entidades são agregações transitórias que não têm existências separadas, duradouras, pois elas são como ondas agregações transitórias dentro de um corpo de água. Inspiração e criatividade têm suas origens aqui, no que alguns têm chamado de inconsciente coletivo, e que pode ser considerado imaginação cósmica.
Grant tem em minha opinião desenvolvido o trabalho de Crowley. É tarefa de um sucessor desenvolver o trabalho de seu antecessor. No curso desse desenvolvimento, alguns elementos do trabalho anteriormente exercido são abandonados; inversamente, outras vias de abordagem podem ter sido abertas. Desta forma, existe um corpo vivo de trabalho, perpetuamente reconstruído, que é passado de adepto para adepto.
Não há necessidade de cadeia formal de sucessão para que isso aconteça. Por exemplo, Crowley considerou a si mesmo estar continuando o trabalho de Blavatsky, embora eu duvide que muitos membros da Sociedade Teosófica teriam concordado.
Nem precisa esse re-desenvolvimento ser algo realizado somente por algumas pessoas ilustres. Nós todos nos aproveitamos de uma variedade de fontes e influências, transformando-as através de nossos trabalhos mágicos e místicos. Neste sentido, somos todos os sucessores de Crowley, Grant e Spare – para citar apenas três adeptos do ocultismo ocidental do século XX. Nós desenvolvemos os seus trabalhos e por sua vez os transmitimos aos outros. Trabalhando dentro de uma tradição, não somente extraímos desta tradição, mas contribuímos para ela também.


Alguns dos aspectos mais misteriosos na magia de Crowley são as figuras de LAM e Aiwass. O que você acredita que eles eram, e qual é a interpretação do Sr. Grant?
Existem algumas diferenças entre os dois, em minha opinião. Aiwass transmitiu O Livro da Lei a Crowley, e é minha opinião que a mesma inteligência estava na operação dos Trabalhos de Abuldiz e Amalantrah, havia também alguns trabalhos durante o período de Cefalu. Eu acredito que Aiwass e Inteligências são como que agregações maiores ou mais altas de consciência. O retrato de Lam parece ser uma quintessência do Trabalho de Amalantrah, e em particular do simbolismo do ovo, ao invés de uma Inteligência da ordem de Aiwass.
Por outro lado, acredito que a Inteligência se comunica conosco através de máscaras, e ambos Lam e Aiwass são máscaras.

Sr. Grant escreveu algumas coisas muito interessantes sobre o fenômeno UFO. Ainda assim, se passaram 60 anos desde o primeiro contato de Kenneth A. Arnold, e ainda não temos nenhuma explicação real do que os OVNIs são... Quais são seus pensamentos hoje em dia para este assunto?
Estes não são, provavelmente, visitantes de uma galáxia a quatro bilhões de anos-luz em algum canto, mas intrusões em nossa consciência de outras dimensões de consciência, e nós interpretamos essas intrusões como externa. Eu não tenho discutido isso em qualquer extensão com Kenneth Grant, mas acredito que uma leitura das Trilogias Tifonianas vai levar a uma conclusão similar.


Nos livros de Grant há um monte de YogSogothery”[1]! Qual é a relação da O.T. com o Mito de Cthulhu e Necronomicon atualmente?
A Ordem Tifoniana tem a muitos anos uma filiação formal com a Ordem Esotérica de Dagon. Sim, há um monte de Mito de Cthulhu no trabalho de Grant, mas há um grande mal-entendido sobre isso, muito disto deliberado. Nós não adoramos ou elevamos Cthulhu ou Yog-Sothoth ou qualquer uma das outras divindades do Mito. A posição inicial de Grant, tal como estabelecido no The Magical Revival, era que havia afinidades interessantes entre elementos de trabalho de Crowley e de Lovecraft. Mais tarde, podemos ver as perspectivas em desenvolvimento que essas divindades são máscaras de consciência. Finalmente, Grant expõe a sua compreensão do Mito de Cthulhu em uma passagem em Outer Gateways que vale a pena citar extensamente:
Como outros contos de fases inclassificáveis ​​da história da Terra, o Culto de Cthulhu sintetiza o subconsciente e as forças de fora da consciência terrestre. Pode-se dizer, de passagem, que a verdadeira criatividade só pode ocorrer quando essas forças são chamadas para inundar com a sua luz a rede mágica da mente. Para fins de explicação a mente pode ser vista como dividida em três salas, o edifício que as contém sendo o único princípio real ou permanente. Estas salas são:

1) Subconsciente, o estado de sonho;
2) Consciência Mundana, o estado de vigília;
3) Consciência Transcendental, velada ao não-iniciado pelo estado de sono.

Os compartimentos são também concebidos como sendo conectados com a casa que os contém, por uma série de conduítes ou túneis. A casa representa consciência trans-terrestre. As forças invocadas Cthulhu, Yog-Sothoth, Azathoth, etc – são então entendidas, não como entidades malignas ou destrutivas, mas como as energias dinâmicas de consciência, as funções das quais são para afastar a ilusão da existência separada (as salas de nossa ilustração).

Você acredita que os Grandes Antigos são entidades reais ou algum tipo de arquétipo psicológico?
Eles são arquétipos, mas não no sentido de serem internos, aspectos psicológicos. Eles estão dentro do continuum de consciência e, portanto, nem externo, nem interno.
Lovecraft tinha uma constituição extraordinariamente sensível, e foi capaz de registrar movimentos dentro dessas faixas mais profundas da consciência. A maior parte destes registros foi feita no curso de seus sonhos vívidos, que ele usou como base de suas histórias.


É útil para um magista moderno trabalhar com o atual Necronomicon, ou você acha que é perigoso?
Eu acho que é útil se isso ajudar a lhe trazer a consciência da realidade isto é, o continuum de consciência de que todos nós somos partes transitórias – mas não tão útil se perpetuar à ilusão de existência separada.

É certo que neste momento há mais de 30 versões diferentes (publicadas) do Necronomicon em todo o mundo! Qual deles você acha que é melhor para trabalhos realmente mágicos, e por quê?
Receio que não posso ajudá-lo com isso. Eu li apenas alguns deles. O Necronomicon não me interessa muito, para ser honesto, mas pelo que eu vi as várias versões são tentativas de pastiche, pedaços retirados daqui e dali.

Hoje em dia, a cultura Thelêmica parece estar muito forte e viva. Você acha que as idéias e filosofia de Aleister Crowley são mais necessárias hoje em dia do que antes?
Não, eu não penso assim. Com a diminuição nestes dias dos laços familiares e geográficos, mais pessoas estão se voltando para outros lugares em busca de significado e substância para suas vidas. Eu sinto que os tempos em que vivemos são mais receptivos a Thelema do que nos dias de Crowley, e o crescimento do interesse pelo misticismo Oriental é a vantagem de Thelema.

Thelema é freqüentemente considerada como glorificação da individualidade, sobre a base que “cada homem e cada mulher é uma estrela”, com vista para o fato de que as estrelas são partes integrantes de galáxias e nebulosas, suas órbitas se entrelaçando com as órbitas de outras estrelas. Mais uma vez, alguns podem achar que é paradoxal que Thelema esteja enraizada na tradição da não-dualidade, que tem uma profunda afinidade com o taoísmo.


Você já viajou para Grécia? Qual é a sua opinião sobre o nosso país, a mitologia grega e a nossa tradição mágica?
Eu fui para a Grécia apenas algumas vezes até agora, a caminho e na volta de Israel, em meados dos anos 1970. Ainda este ano, minha esposa e eu vamos viajar para Delfos. A religião Grega não é algo sobre o qual eu saiba muito, além dos Mistérios Eleusinos.

Você acha que há um futuro para o ocultismo ocidental? O que seus representantes modernos tem de fazer para que sobreviva e cresça ainda mais? Como você opera uma Ordem a fim de responder aos desafios do mundo moderno?
Sim, há um futuro para o ocultismo ocidental, e eu acho que o crescente interesse em estudos sobre a consciência vai levar a um maior interesse em Ocultismo em geral. Eu não acho que os seus representantes precisem fazer nada de especial. Eu não acho que existam desafios do mundo moderno para a Ordem Tifoniana; continuaremos com o nosso trabalho mágico e místico e nossos escritos.

Qual é a crença geral dos Britânicos para a magia? Infelizmente, aqui na Grécia todo tipo de magia é automaticamente considerado como Magia Negra e Malefício!
Não há realmente uma crença geral, embora a maioria das pessoas provavelmente seja cética. Dito isto, três dos ocultistas mais proeminentes do século XX – Crowley, Grant e Spare – eram Ingleses, então talvez nós sejamos uma nação excêntrica.

Na sua opinião, qual deve ser o objetivo da magia? Poderia ser a magia tão extravagante como é apresentada nos filmes? São os seus resultados perceptíveis apenas no nível astral ou são, na verdade, um processo psicodinâmico de auto-evolução?
No que diz respeito ao propósito: explorarmos a consciência, tornando-nos conscientes de nossa mais ampla identidade cósmica. Um dos aforismos de Spare diz que um místico é alguém que percebe que há mais deles mesmos do que eles estão conscientes. Eu acho que a magia apresentada em filmes é simplesmente fantasia. Eu gosto da frase “processo psicodinâmico de auto-evolução”, acho que isso seja mais preciso.

Se você pudesse recomendar três livros que constituem leituras essenciais para um iniciante interessado em aprender mais sobre a magia, quais seriam eles e por quê?
The Magical Revival de Kenneth Grant é um excelente levantamento de magia Thelêmica. The Confessions de Aleister Crowley é uma introdução animada e informativa da vida de Crowley e seu trabalho. O terceiro seria provavelmente Little Essays Toward Truth de Crowley. Eu suspeito que nenhum destes sejam realmente para iniciantes, mas acho que você tem que mergulhar a fundo.

Gostaria de partilhar conosco a mais estranha experiência paranormal que você já teve?
Em geral eu não tenho experiências paranormais. Há uma que fixa na minha memória, no entanto. Muitos anos atrás, eu estava realizando o ‘Reguli’ de Crowley ou ‘Ritual da Marca da Besta’ em uma base diária. Houve muitos problemas na minha vida naquele momento, e no fim do período de trabalho diário, havia um monte de caos e violência me seguindo. Um dia, um carro explodiu em chamas quando eu estava atravessando a rua, e havia um forte sentimento de conexão, como um cordão umbilical ao meu plexo solar, eu sabia com certeza absoluta que este incidente estava intimamente ligado com o meu trabalho do ritual.


Você poderia nos dizer algumas palavras sobre a sua vida diária? Como é a vida diária de um magista?
Eu duvido que a minha vida seja muito diferente da de outras pessoas – dormir, comer, beber, socializar com outras pessoas, etc. A única diferença é que eu empreendo práticas mágicas e místicas, talvez esteja mais consciente dos padrões e sincronicidades. É uma questão difícil para eu responder, já que não divido minha vida em mágica e não mágica.
Na minha opinião todos os eventos são cobrados com significado oracular, e tudo o que ocorre é parte de um padrão. Consciência cósmica, a lembrança de identidade cósmica, é sempre apenas um batimento cardíaco distante, nos fez saber disso. Andar em Hampstead Heath, ou alimentar o gato é tão mágico como convocar os servos de Belial.


Você está atualmente preparando algum novo livro? Talvez algumas obras inéditas do Sr. Grant?
Há uma série de novos títulos sendo preparados para publicação pela Starfire Publishing, incluindo obras de Spare, Achad, e um estudo comparativo de Crowley e Gurdjieff. Nós estaremos republicando mais livros da série Trilogias Tifonianas. Já há algum tempo, Kenneth Grant vem trabalhando em uma novela, Monolith: A Further Nightside Narrative, mas eu não sei quando isso vai ser terminado.
Quanto ao meu próprio trabalho está caminhando, recentemente terminei de escrever um ensaio intitulado “Lam and the Typhonian Tradition”, que tem fins suficientemente soltos e áreas de maior desenvolvimento para crescer em um livro em seu próprio direito. Ao longo dos próximos meses, estarei escrevendo material novo para a próxima edição da Starfire, e serão lançadas as bases para trabalhos mais importantes no futuro próximo.
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NOTA: 
[1] Yog “Sogothery” é uma expressão aplicada pelo entrevistador como que para dizer algo relacionado às teorias de Lovecraft de Yog-Sothoth. Thery não existe em Inglês, mas há uma relação sutil com theOry (teoria), um jogo de palavras. Traduzindo para o nosso idioma seria como Yog-Sogotheria 
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Esta entrevista foi publicada originalmente na revista Mystery,
Edição 65/Outubro de 2010.

Posteriormente publicada no NecronomiconGnosis, Blog de George Ioannidis - um psicólogo, autor de vários livros de ocultismo (em grego) e editor chefe da revista MYSTERY, uma revista grega mensal dedicada ao paranormal, o oculto e mitologia.

©Tradução de Cláudio César de Carvalho - 2013
©Revisão de Lília Palmeira - 2013