domingo, 5 de maio de 2013

Aleister Crowley and the Hidden Gods - Resenha





Essa boa resenha de Aleister Crowley and the Hidden Gods foi recentemente enviada para o site da Starfire Publishing. Tendo sido originalmente publicada na edição de Maio/2013 da Revista Australiana 'Living Traditions'


É difícil para muitos magistas modernos de qualquer tradição pensar no que havia antes de Kenneth Grant.
Thelema antes da publicação de The Magical Revival, em 1972, era uma "balaio de gatos" muito diferente. Grant transformou a face da magick, não só consolidando a sua própria reputação como o magista mais inovador de todos os tempos, mas revolucionando a nossa compreensão de Qabalah, Tantra e a relação entre o oriente e o ocidente. Olhando para trás, é difícil explicar a radical mudança que o trabalho de Kenneth Grant trouxe para Thelema e a magick em geral. Suas obras são agora itens necessários em qualquer biblioteca de magistas e ainda, sua abordagem ofereceu uma visão muito diferente de Thelema com sua exploração de magia sexual e a natureza do lado negro causando  muita polêmica.

Aleister Crowley and the Hidden Gods explora ainda mais os temas das tendências mais obscuras da magick focando sobre a natureza da magia sexual. A capacidade de Grant de oferecer uma síntese abrangente do Vama Marga e do Culto da Mulher Escarlate ainda é uma das mais perspicazes já oferecidas. Seu trabalho sobre magia dos sonhos tem continuado a influenciar praticantes hoje; eu, particularmente, vejo sua ressonância e requinte no tradicional Cultus Sabbati do já falecido Andrew Chumbley.

Grant oferece um resumo da vida e dos ensinamentos de Aleister Crowley e investiga os seus significados esotéricos e tântricos em comparação com os Tantras e outras tradições. Grant também explora os significados mais profundos das técnicas mágicas utilizadas na Golden Dawn e outras ordens ocultistas.


Um dos elementos-chave de Aleister Crowley and the Hidden Gods é a fórmula de Babalon ou a Mulher Escarlate e o uso sagrado do sexo e fluidos corporais ou Kalas, do qual Grant revela a existência de um ciclo de 16 tipos. Essa seqüência está relacionada ao verdadeiro significado do poder da serpente ou Kundalini. Embora muitos tenham visto o Liber Al vel Legis (o Livro da Lei), como um texto espiritual, Grant lhe confere profundidade especial pela transmissão recebida tal como um Tantra. É a mesma coisa com a O.T.O. que a maioria via como uma estrutura administrativa ou ritual simples, mas que Grant revela manter intenso e profundo o significado tântrico.
Controle de Sonho tem uma longa história, incluindo dentro das seitas do Budismo Tibetano e do Hinduísmo; Dion Fortune e Austin Osman Spare também tinham suas próprias técnicas e métodos. Grant explora em detalhes o controle do sonho através da magia sexual. A singularidade do método tântrico ensinado por Crowley é que tem o potencial para ser ligada a terra e, portanto, efetivamente transformar a realidade.

Estendendo-se daí esta é uma verdadeira compreensão do Sabbat das bruxas e da natureza secreta da bruxaria como encontrado no uso da magia sexual e do poder da Kundalini

Algumas explorações continuam a ter um efeito de caminho além de Thelema dentro da Bruxaria Tradicional e aqueles que buscam uma abordagem mais profunda para a Arte. Como este trabalho perspicaz continua Grant a explorar como o microcosmo e o macrocosmo são inter-relacionados e os mistérios que se encontram no corpo, planetas e forças além do espaço e tempo.

Esta é uma soberba nova edição de uma obra importante, que ainda é relevante hoje, quando muitos têm criticado a visão de Grant, mas ninguém tem se aproximado o suficiente e oferecido uma alternativa viável para esse assunto que fosse uma crítica realmente válida.
Embora muitos textos sobre Tantra Hindu e Budista tenham sido publicados desde os anos de 1970, especialmente no campo da Vajrayana, nenhum invalidou a exposição de Tantra sexual de Grant, simplesmente forneceu mais detalhes.
Aleister Crowley and the Hidden Gods foi novamente diagramado, erros corrigidos a partir da própria cópia de Kenneth Grant do livro e incluídas novas imagens e algumas das gravuras antigas foram agora reproduzidas a cores.
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A permissão para reproduzir esta resenha é dada , em parte ou na íntegra, desde que Living Traditions” seja creditado como a fonte e o endereço do site seja incluído



©Tradução de Lília Palmeira - 2013
©Revisão de Cláudio César de Carvalho - 2013

domingo, 24 de fevereiro de 2013

O Mundo Tifoniano de Kenneth Grant

Uma Entrevista com Michael Staley













Não há ninguém que trabalhe com o oculto com conotações mais estranhas que Kenneth Grant. Há décadas, no entanto, o famoso escritor britânico e discípulo de Aleister Crowley, têm vida solitária, longe dos holofotes.
Então, tentando entrar em contato com ele, me encontrei com seu braço direito e agora líder da Ordem Tifoniana, Michael Staley. O diálogo que se seguiu entre nós foi muito interessante, porque, pela primeira vez, uma revista grega teve acesso às profundezas da Tradição Tifoniana...

George Ioannidis  


Sr. Staley, em primeiro lugar você poderia nos contar brevemente como você chegou ao ocultismo? O que exatamente o atraiu para este campo?
O mais longe que posso me lembrar na minha infância, é que sempre fui interessado em fantasmas e similares. Quando entrei em minha adolescência, instalou-se um interesse em Espiritualismo, pelo ocultismo e misticismo oriental, especialmente o Budismo. Lembro-me de ser fascinado por Lobsang Rampa na época. Na década de 1960 eu me tornei cada vez mais consciente do nome de Aleister Crowley. Logo depois que houve uma explosão de interesse em Crowley com os hippies e a psicodelia. No início de 1970 me deparei com a obra de Kenneth Grant, e tornei-me extremamente interessado nela, a ponto de ingressar na O.T.O. Tifoniana. Embora eu me dedicasse ao trabalho de Kenneth Grant, foi somente alguns anos antes que começasse a entender o impulso do mesmo, um processo de assimilação auxiliado pelo meu trabalho mágico e místico, e por tornar-me editor de Grant em 1990.
Foi Kenneth Grant que me incentivou a lançar uma revista, Starfire, a primeira edição da qual foi publicada em 1986. Isto se transformou na Starfire Publishing, que é agora a minha ferramenta principal na propagação da Gnose Tifoniana.
Desde o início de 1990 eu tenho estado cada vez mais interessado ​​no trabalho de Austin Osman Spare  ̶  tanto a arte como a escrita.


Quando você encontrou Kenneth Grant pela primeira vez? Qual foi a sua impressão?
Meu prazo Probatório para a entrada na Ordem Tifoniana foi concluído com êxito em janeiro de 1976, enquanto eu estava vivendo em um kibutz israelense. Em 1978 eu finalmente voltei de Israel, e encontrei Kenneth Grant pela primeira vez pouco depois. Naquela época, ele estava encontrando novos participantes para a Ordem como uma questão natural. Minhas impressões iniciais foram muito favoráveis​​, ele surgiu como um intenso, articulado, inteligente e muito empenhado Thelemita. No início de 1980 me tornei seu braço-direito na Ordem, uma posição que tem sido um trabalho árduo, mas muito gratificante, e, no curso do qual eu experimentei e aprendi muito.


Você pode nos dizer algo sobre suas características, seus hábitos e sua vida cotidiana?
Kenneth é muito perspicaz ao preservar sua privacidade, tanto quanto possível, então eu só posso falar de forma breve e geral. Ele é um homem de grande integridade e discernimento, e tornou-se cada vez mais recluso ao longo dos anos. Eu não sei muito sobre seus hábitos e sua vida diária.

Em poucas palavras, o que exatamente é a Tradição Tifoniana?
É comunhão com o que alguns têm chamado de "Lá Fora", sejam considerados como os confins do espaço para além do terrestre, ou as varreduras da consciência além da humana. Consciência é um continuum que abarca tudo, alcançando de forma muito mais ampla e profunda do que a consciência humana, que é relativamente superficial e transitória. A Tradição Tifoniana está interessada no encontro e exploração dessas profundezas. Como Crowley comentou em um pós escrito do capítulo 30 de Magick Without Tears:

Eu pensei em um bom plano para colocar minha posição fundamental por si só em um pós-escrito, para enquadrá-la. Minha observação do Universo me convence de que há seres de inteligência e poder de uma qualidade muito maior do que qualquer coisa que podemos conceber como o ser humano, que eles não estão necessariamente baseados nas estruturas cerebrais e nervosas que nós conhecemos, e que somente e única chance para a humanidade avançar como um todo é que os indivíduos façam contato com tais Seres.

Esse é, em minha opinião, um resumo muito bom da situação.

Os verbetes para a Tradição Tifoniana ou Draconiana nos Glossários dos volumes das Trilogias Tifonianas são bastante diversificados. Nenhum deles são definições estritamente falando, mas descrevem as diversas facetas da Tradição. É melhor tomar essas várias facetas e tentar intuir a base a partir das quais elas brotam.

De que forma a Ordem Tifoniana (O.T.) é diferente da O.T.O.?
Nos dias de Crowley a O.T.O. operava em lojas onde as iniciações eram conferidas no curso de cerimônias em grupo, que eram quase-maçônicas em natureza; tanto quanto eu sei, é também o mesmo modelo da moderna O.T.O.. Na Ordem Tifoniana, iniciações surgem no curso do trabalho mágico e da prática mística.
Quanto às semelhanças entre a moderna O.T.O. e a Ordem Tifoniana é que ambas derivam da O.T.O. de Crowley, e ambas têm como objetivo o estabelecimento da Lei de Thelema.


Quantas Lojas ativas da O.T. estão no mundo hoje? Há alguma na Grécia?
Atualmente, a Ordem Tifoniana não está organizada em lojas, mas é composta de membros individuais em vários países ao redor do mundo. Não temos quaisquer membros na Grécia no presente. uma loja em Londres, que atua há muitos anos, e que prossegue o trabalho com Lam em nível de grupo.


Qual você acha que seja o impacto geral de Grant para Thelema?
Nós vamos ser capazes de responder a essa pergunta melhor em 50 anos ou mais. Em minha opinião ele moveu Thelema para além dos limites de um culto de personalidade centrada em torno de Crowley. Quando The Magical Revival foi publicado em 1972, foi refrescante ler algo que não era simplesmente uma repetição de Crowley. Grant tinha feito mais evidente um alcance mais amplo e profundo de Thelema, e suas afinidades com outros trabalhos mágicos e místicos, tão bem como afinidades com atividades que não são consideradas ocultas ou mágicas.
O fundamental para o trabalho de Grant é a não-dualidade, uma percepção que sustenta tradições tais como Advaita, Sunyavada, e etc. Consciência é um continuum, no qual as entidades são agregações transitórias que não têm existências separadas, duradouras, pois elas são como ondas agregações transitórias dentro de um corpo de água. Inspiração e criatividade têm suas origens aqui, no que alguns têm chamado de inconsciente coletivo, e que pode ser considerado imaginação cósmica.
Grant tem em minha opinião desenvolvido o trabalho de Crowley. É tarefa de um sucessor desenvolver o trabalho de seu antecessor. No curso desse desenvolvimento, alguns elementos do trabalho anteriormente exercido são abandonados; inversamente, outras vias de abordagem podem ter sido abertas. Desta forma, existe um corpo vivo de trabalho, perpetuamente reconstruído, que é passado de adepto para adepto.
Não há necessidade de cadeia formal de sucessão para que isso aconteça. Por exemplo, Crowley considerou a si mesmo estar continuando o trabalho de Blavatsky, embora eu duvide que muitos membros da Sociedade Teosófica teriam concordado.
Nem precisa esse re-desenvolvimento ser algo realizado somente por algumas pessoas ilustres. Nós todos nos aproveitamos de uma variedade de fontes e influências, transformando-as através de nossos trabalhos mágicos e místicos. Neste sentido, somos todos os sucessores de Crowley, Grant e Spare – para citar apenas três adeptos do ocultismo ocidental do século XX. Nós desenvolvemos os seus trabalhos e por sua vez os transmitimos aos outros. Trabalhando dentro de uma tradição, não somente extraímos desta tradição, mas contribuímos para ela também.


Alguns dos aspectos mais misteriosos na magia de Crowley são as figuras de LAM e Aiwass. O que você acredita que eles eram, e qual é a interpretação do Sr. Grant?
Existem algumas diferenças entre os dois, em minha opinião. Aiwass transmitiu O Livro da Lei a Crowley, e é minha opinião que a mesma inteligência estava na operação dos Trabalhos de Abuldiz e Amalantrah, havia também alguns trabalhos durante o período de Cefalu. Eu acredito que Aiwass e Inteligências são como que agregações maiores ou mais altas de consciência. O retrato de Lam parece ser uma quintessência do Trabalho de Amalantrah, e em particular do simbolismo do ovo, ao invés de uma Inteligência da ordem de Aiwass.
Por outro lado, acredito que a Inteligência se comunica conosco através de máscaras, e ambos Lam e Aiwass são máscaras.

Sr. Grant escreveu algumas coisas muito interessantes sobre o fenômeno UFO. Ainda assim, se passaram 60 anos desde o primeiro contato de Kenneth A. Arnold, e ainda não temos nenhuma explicação real do que os OVNIs são... Quais são seus pensamentos hoje em dia para este assunto?
Estes não são, provavelmente, visitantes de uma galáxia a quatro bilhões de anos-luz em algum canto, mas intrusões em nossa consciência de outras dimensões de consciência, e nós interpretamos essas intrusões como externa. Eu não tenho discutido isso em qualquer extensão com Kenneth Grant, mas acredito que uma leitura das Trilogias Tifonianas vai levar a uma conclusão similar.


Nos livros de Grant há um monte de YogSogothery”[1]! Qual é a relação da O.T. com o Mito de Cthulhu e Necronomicon atualmente?
A Ordem Tifoniana tem a muitos anos uma filiação formal com a Ordem Esotérica de Dagon. Sim, há um monte de Mito de Cthulhu no trabalho de Grant, mas há um grande mal-entendido sobre isso, muito disto deliberado. Nós não adoramos ou elevamos Cthulhu ou Yog-Sothoth ou qualquer uma das outras divindades do Mito. A posição inicial de Grant, tal como estabelecido no The Magical Revival, era que havia afinidades interessantes entre elementos de trabalho de Crowley e de Lovecraft. Mais tarde, podemos ver as perspectivas em desenvolvimento que essas divindades são máscaras de consciência. Finalmente, Grant expõe a sua compreensão do Mito de Cthulhu em uma passagem em Outer Gateways que vale a pena citar extensamente:
Como outros contos de fases inclassificáveis ​​da história da Terra, o Culto de Cthulhu sintetiza o subconsciente e as forças de fora da consciência terrestre. Pode-se dizer, de passagem, que a verdadeira criatividade só pode ocorrer quando essas forças são chamadas para inundar com a sua luz a rede mágica da mente. Para fins de explicação a mente pode ser vista como dividida em três salas, o edifício que as contém sendo o único princípio real ou permanente. Estas salas são:

1) Subconsciente, o estado de sonho;
2) Consciência Mundana, o estado de vigília;
3) Consciência Transcendental, velada ao não-iniciado pelo estado de sono.

Os compartimentos são também concebidos como sendo conectados com a casa que os contém, por uma série de conduítes ou túneis. A casa representa consciência trans-terrestre. As forças invocadas Cthulhu, Yog-Sothoth, Azathoth, etc – são então entendidas, não como entidades malignas ou destrutivas, mas como as energias dinâmicas de consciência, as funções das quais são para afastar a ilusão da existência separada (as salas de nossa ilustração).

Você acredita que os Grandes Antigos são entidades reais ou algum tipo de arquétipo psicológico?
Eles são arquétipos, mas não no sentido de serem internos, aspectos psicológicos. Eles estão dentro do continuum de consciência e, portanto, nem externo, nem interno.
Lovecraft tinha uma constituição extraordinariamente sensível, e foi capaz de registrar movimentos dentro dessas faixas mais profundas da consciência. A maior parte destes registros foi feita no curso de seus sonhos vívidos, que ele usou como base de suas histórias.


É útil para um magista moderno trabalhar com o atual Necronomicon, ou você acha que é perigoso?
Eu acho que é útil se isso ajudar a lhe trazer a consciência da realidade isto é, o continuum de consciência de que todos nós somos partes transitórias – mas não tão útil se perpetuar à ilusão de existência separada.

É certo que neste momento há mais de 30 versões diferentes (publicadas) do Necronomicon em todo o mundo! Qual deles você acha que é melhor para trabalhos realmente mágicos, e por quê?
Receio que não posso ajudá-lo com isso. Eu li apenas alguns deles. O Necronomicon não me interessa muito, para ser honesto, mas pelo que eu vi as várias versões são tentativas de pastiche, pedaços retirados daqui e dali.

Hoje em dia, a cultura Thelêmica parece estar muito forte e viva. Você acha que as idéias e filosofia de Aleister Crowley são mais necessárias hoje em dia do que antes?
Não, eu não penso assim. Com a diminuição nestes dias dos laços familiares e geográficos, mais pessoas estão se voltando para outros lugares em busca de significado e substância para suas vidas. Eu sinto que os tempos em que vivemos são mais receptivos a Thelema do que nos dias de Crowley, e o crescimento do interesse pelo misticismo Oriental é a vantagem de Thelema.

Thelema é freqüentemente considerada como glorificação da individualidade, sobre a base que “cada homem e cada mulher é uma estrela”, com vista para o fato de que as estrelas são partes integrantes de galáxias e nebulosas, suas órbitas se entrelaçando com as órbitas de outras estrelas. Mais uma vez, alguns podem achar que é paradoxal que Thelema esteja enraizada na tradição da não-dualidade, que tem uma profunda afinidade com o taoísmo.


Você já viajou para Grécia? Qual é a sua opinião sobre o nosso país, a mitologia grega e a nossa tradição mágica?
Eu fui para a Grécia apenas algumas vezes até agora, a caminho e na volta de Israel, em meados dos anos 1970. Ainda este ano, minha esposa e eu vamos viajar para Delfos. A religião Grega não é algo sobre o qual eu saiba muito, além dos Mistérios Eleusinos.

Você acha que há um futuro para o ocultismo ocidental? O que seus representantes modernos tem de fazer para que sobreviva e cresça ainda mais? Como você opera uma Ordem a fim de responder aos desafios do mundo moderno?
Sim, há um futuro para o ocultismo ocidental, e eu acho que o crescente interesse em estudos sobre a consciência vai levar a um maior interesse em Ocultismo em geral. Eu não acho que os seus representantes precisem fazer nada de especial. Eu não acho que existam desafios do mundo moderno para a Ordem Tifoniana; continuaremos com o nosso trabalho mágico e místico e nossos escritos.

Qual é a crença geral dos Britânicos para a magia? Infelizmente, aqui na Grécia todo tipo de magia é automaticamente considerado como Magia Negra e Malefício!
Não há realmente uma crença geral, embora a maioria das pessoas provavelmente seja cética. Dito isto, três dos ocultistas mais proeminentes do século XX – Crowley, Grant e Spare – eram Ingleses, então talvez nós sejamos uma nação excêntrica.

Na sua opinião, qual deve ser o objetivo da magia? Poderia ser a magia tão extravagante como é apresentada nos filmes? São os seus resultados perceptíveis apenas no nível astral ou são, na verdade, um processo psicodinâmico de auto-evolução?
No que diz respeito ao propósito: explorarmos a consciência, tornando-nos conscientes de nossa mais ampla identidade cósmica. Um dos aforismos de Spare diz que um místico é alguém que percebe que há mais deles mesmos do que eles estão conscientes. Eu acho que a magia apresentada em filmes é simplesmente fantasia. Eu gosto da frase “processo psicodinâmico de auto-evolução”, acho que isso seja mais preciso.

Se você pudesse recomendar três livros que constituem leituras essenciais para um iniciante interessado em aprender mais sobre a magia, quais seriam eles e por quê?
The Magical Revival de Kenneth Grant é um excelente levantamento de magia Thelêmica. The Confessions de Aleister Crowley é uma introdução animada e informativa da vida de Crowley e seu trabalho. O terceiro seria provavelmente Little Essays Toward Truth de Crowley. Eu suspeito que nenhum destes sejam realmente para iniciantes, mas acho que você tem que mergulhar a fundo.

Gostaria de partilhar conosco a mais estranha experiência paranormal que você já teve?
Em geral eu não tenho experiências paranormais. Há uma que fixa na minha memória, no entanto. Muitos anos atrás, eu estava realizando o ‘Reguli’ de Crowley ou ‘Ritual da Marca da Besta’ em uma base diária. Houve muitos problemas na minha vida naquele momento, e no fim do período de trabalho diário, havia um monte de caos e violência me seguindo. Um dia, um carro explodiu em chamas quando eu estava atravessando a rua, e havia um forte sentimento de conexão, como um cordão umbilical ao meu plexo solar, eu sabia com certeza absoluta que este incidente estava intimamente ligado com o meu trabalho do ritual.


Você poderia nos dizer algumas palavras sobre a sua vida diária? Como é a vida diária de um magista?
Eu duvido que a minha vida seja muito diferente da de outras pessoas – dormir, comer, beber, socializar com outras pessoas, etc. A única diferença é que eu empreendo práticas mágicas e místicas, talvez esteja mais consciente dos padrões e sincronicidades. É uma questão difícil para eu responder, já que não divido minha vida em mágica e não mágica.
Na minha opinião todos os eventos são cobrados com significado oracular, e tudo o que ocorre é parte de um padrão. Consciência cósmica, a lembrança de identidade cósmica, é sempre apenas um batimento cardíaco distante, nos fez saber disso. Andar em Hampstead Heath, ou alimentar o gato é tão mágico como convocar os servos de Belial.


Você está atualmente preparando algum novo livro? Talvez algumas obras inéditas do Sr. Grant?
Há uma série de novos títulos sendo preparados para publicação pela Starfire Publishing, incluindo obras de Spare, Achad, e um estudo comparativo de Crowley e Gurdjieff. Nós estaremos republicando mais livros da série Trilogias Tifonianas. Já há algum tempo, Kenneth Grant vem trabalhando em uma novela, Monolith: A Further Nightside Narrative, mas eu não sei quando isso vai ser terminado.
Quanto ao meu próprio trabalho está caminhando, recentemente terminei de escrever um ensaio intitulado “Lam and the Typhonian Tradition”, que tem fins suficientemente soltos e áreas de maior desenvolvimento para crescer em um livro em seu próprio direito. Ao longo dos próximos meses, estarei escrevendo material novo para a próxima edição da Starfire, e serão lançadas as bases para trabalhos mais importantes no futuro próximo.
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NOTA: 
[1] Yog “Sogothery” é uma expressão aplicada pelo entrevistador como que para dizer algo relacionado às teorias de Lovecraft de Yog-Sothoth. Thery não existe em Inglês, mas há uma relação sutil com theOry (teoria), um jogo de palavras. Traduzindo para o nosso idioma seria como Yog-Sogotheria 
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Esta entrevista foi publicada originalmente na revista Mystery,
Edição 65/Outubro de 2010.

Posteriormente publicada no NecronomiconGnosis, Blog de George Ioannidis - um psicólogo, autor de vários livros de ocultismo (em grego) e editor chefe da revista MYSTERY, uma revista grega mensal dedicada ao paranormal, o oculto e mitologia.

©Tradução de Cláudio César de Carvalho - 2013
©Revisão de Lília Palmeira - 2013


















domingo, 20 de janeiro de 2013

A Sabedoria Estelar: Uma perambulação pericoresica(*) através dos trabalhos de Kenneth Grant


AOSSIC - Steffi Grant©
Kenneth Grant (1924-2011) foi um dos mais notáveis magistas do século XX. Bem conhecido como o último estudante de Aleister Crowley em meados dos anos 1940, ele passou a desenvolver sua própria interpretação de Thelema e levou a Grande Obra através de portais Yuggothianos e em direção de novas dimensões inteiramente estelares. No entanto, apesar de sua sólida obra, ele freqüentemente recebeu críticas e (sinto eu, injustamente) ganhou uma reputação de ser incompreensível ou coisa pior. Este equívoco tem manchado a percepção de seus escritos, e talvez tenha contribuído para que se tenha deles uma compreensão mais lenta do que merecem, como um corpo altamente perspicaz de trabalho que forma um complexo e entrelaçado comentário sobre numerosos assuntos esotéricos.

Pelo final de sua longa carreira de escritor, Kenneth Grant havia escrito uma prateleira inteira de livros, mais notavelmente as Trilogias Tifonianas, que construiu sobre a radiação de background oculto deixado para trás por ordens como a Ordem Hermética da Aurora Dourada e luminares como Aleister Crowley, Jack Parsons e Dion Fortune. Estendendo sua Gnose Tifoniana, ele permitiu que conceitos como o tráfico com entidades, gnose sexual e uma inteira tradição do lado noturno1 para infiltrar-se em seus romances que eram muitas vezes trabalhos mais curtos apresentando uma conexão sideral2 à sua própria pessoa, criando assim uma estranha simetria onde Kenneth Grant caminhava dentro de sua própria ficção, e os seres e energias, e de fato o sentido de outro que ele evocou sangrar de volta de sua prosa em nossa realidade. Como muitos de seus leitores notarão, há uma qualidade sonhadora, desconcertante na ficção Grantiana onde a fronteira entre fato e fantasia se dissolve em uma constrangedora narrativa onde alguém é capturado entre as associações e o firmamento da história.

Isso tudo é parte de sua magia, e uma das razões por que seus livros são freqüentemente descritos não tanto como sendo sobre magia, mas como objetos mágicos em seu próprio direito. Este é o real valor deles, como Grant envolveu magia na própria estrutura lingüística de seu texto, tornando isto um ponto de partida para outras realidades. Eu tenho certamente encontrado isto por mim mesmo, e lendo seu trabalho tarde da noite, sou muitas vezes levado a um sentido de devaneio que se transforma facilmente em estados mais profundos de consciência meditativa. Na verdade, muitas vezes as Trilogias Tifonianas parecem transmutar e refletir aos leitores exatamente o que estes precisam ler naquele momento em particular para promover o seu desenvolvimento mágico.

Kenneth Grant não escreveu para iniciantes, e ninguém encontrará rituais estabelecidos, tais como o Ritual Menor do Pentagrama ou do Pilar do Meio dentro de seus livros, antes é esperado a ponderar sobre as informações e considerações dadas e designadas pelo seu próprio caminho através dos mistérios que ele tão tentadoramente desvenda. Seu estilo de escrita é único, e muito diferente da precisão de fórmulas que encontramos com Aleister Crowley. Grant consolidou os Thelemitas de forma que muitos sentem que essa consolidação depreciou o espírito daquilo que Crowley tentava atingir. No entanto, em contraste com isso, muitas pessoas sentem que Kenneth Grant, seguindo suas próprias estrelas (não aquelas de Aleister Crowley) abriu novas portas para a compreensão, exploração e mistério. Além disso, alguns dos trabalhos de Grant são notavelmente prescientes quanto aos efeitos sobre a consciência humana a partir do universo em geral. Por exemplo seu comentário sobre OVNIs em Outer Gateways3 referentes e construidos sobre idéias sugeridas por Arthur Machen, em The Great God Pan4 e John Keel em livros tais como The Mothman Prophecies5, e descreve um modelo de componentes não práticos de OVNIs a partir da perspectiva esotérica, uma visão que só recentemente está realmente se tornando mais proeminente.

Transmissões Telepáticas de Yuggoth

H.P. Lovecraft e seu gatinho, Sam Perkins
Uma das áreas mais problemáticas dentro do corpo de escritos de Grant é a que se conecta ao mito de Cthulhu de H.P. Lovecraft. Sabemos que de fato que HP Lovecraft produziu este mito, semeando-o tanto com entidades encontradas em mitologia (como Dagon), quanto com aquelas que ele inventou (como Yog-Sothoth ou Hastur o indescritível). Além disso Lovecraft era um materialista ardente, que em suas cartas frequentemente comentava que tudo foi inventado, usando nomes como o Necronomicon ou Abdul Alhazred simplesmente porque ele gostava do som dessas palavra. Finalmente, uma varredura da literatura mostra que não há referências confiáveis ​​ao Necronomicon ou a composição das entidades antes das histórias de Lovecraft serem publicadas.

A fim de adicionar autenticidade a suas histórias Lovecraft criou uma história ficcional do Necronomicon que referenciou personagens históricos reais como John Dee e Olaus Wormius, um esquema que 'se tornou viral' conforme outros autores continuaram adicionando ao mito em anos subseqüentes. É notável que, ainda recentemente, depois do assunto ter sido desmerecido à morte e excelentes livros sobre o assunto, como Os Arquivos Necronomicon6 apareceram – que claramente apresentam de forma bem referenciados os fatos do caso – ainda existem pessoas que aceitam a literal verdade da confecção blasfema de H.P. Lovecraft.

Como, então, devemos unificar estes fatos com o conhecimento que Kenneth Grant mencionou o Necronomicon ao longo de sua obra desde o início? Grant era um verdadeiro estudioso e muito bom leitor, como a lista de referências no final de seus livros testemunham, assim podemos estar certos de que ele estava ciente da mundana não-história do Necronomicon e que – no nosso nível, pelo menos – é tudo ficção. Na verdade ele reconhece que Lovecraft inventou o Necronomicon no capítulo inicial de Outer Gateways. Nas palavras de Grant:

"Uma série de textos arcanos que reivindicam proveniência não-terrestre são de importância suprema na esfera do ocultismo criativo. Talvez o mais misterioso e, certamente, o mais sinistro seja o Necronomicon, a primeira menção em que aparece é na ficção do escritor HP Lovecraft da Nova Inglaterra. Disse ter sido escrito por um árabe louco chamado Al Hazred, o Necronomicon de fato existe em um plano acessível para aqueles que, conscientemente, como Crowley, ou inconscientemente, como Lovecraft, conseguiram penetrar. "

Este parágrafo sucintamente resume tudo o que Kenneth Grant tem a dizer sobre o Necronomicon. Ele deixa claro que H.P. Lovecraft produziu, e igualmente claro que ele acredita que o trabalho de Lovecraft tenha sido entusiasmado* a partir de um nível mais profundo de realidade. Na verdade, o Necronomicon, como um grimório primordial; é uma fonte de inspiração atravessando toda a obra inicial de Grant, começando com O Renascer da Magia7 onde Grant enumera uma série de correspondências entre a coletânea dos Mitos de Lovecraft e Thelema.

Desde então Grant contribuiu para o número de conexões usando gematria8 com nomes e palavras encontradas em outras tradições, sobretudo em O Livro da Lei de Aleister Crowley. Isso incluiu a conexão de palavras que têm uma semelhança lingüística ou gemátrica a terminologia encontrada no Mito como "Set-Hulu" ou "Tutulu" – uma palavra ouvida por Crowley, enquanto em vidência dos Æthyrs Enoquianos no deserto do Saara em 1909, com o poeta Victor Neuberg9 – o que Grant relaciona com Cthulhu. Ao longo dos volumes posteriores, Grant faz referências ao Necronomicon da mesma maneira que faz referências a outras fontes tradicionais, tais como Gnóstica, Hebraica e Sânscrita. Este tema continua durante todas as Trilogias, porém, sinto que atinge seu clímax no erudito "Hecate’s Fountain" onde Grant fala de rituais para invocar Cthulhu e é aqui que encontramos a comparação mencionada entre O Livro da Lei e o Necronomicon.

Mas, voltando à questão de saber se o mito é literalmente real, podemos melhor responder comparando-o a outras antigas tradições "aceitas" da humanidade. Todos os mitos, religiões e práticas espirituais começam com um místico contato com o inefável e a construção de um elo. Então talvez nós precisemos olhar para o próprio H.P. Lovecraft. Apesar de um materialista e cético externamente, Grant sugere que Lovecraft pode ter sido um vidente inconsciente que poderia perceber padrões mais profundos da realidade, apesar de ser leigo à sua verdadeira natureza, ele, então, foge com medo. Certamente um monte de contos de Lovecraft originado em sonhos, e alguns contos foram quase exatas recontagens de seus sonhos, o que mostra que sua origem não era de sua consciência regular do lado diurno, mas no mínimo uma fonte inconsciente separada do seu materialismo em vigília. No entanto, mesmo que Lovecraft tenha conscientemente produzido o mito, isso não quebra a validade de conexão de Kenneth Grant a ele. Grant reconheceu os padrões familiares místicos que Cthulhu e os Grandes Antigos se enquadram e teceu a sua prática em torno disto. Todos os mitos e religiões começaram de forma semelhante, e, neste sentido o mito é tão real e válido como qualquer outra mitologia e religião, apesar do nosso inconsciente coletivo reprimido.

Talvez possamos entender mais essa idéia se considerarmos um contador de histórias de ficção que está criando um novo personagem serial killer para um romance. Ele usaria certos padrões e arquétipos em sua criação do personagem com sua origem no comportamento de reais assassinos em série. Tal qual nosso serial killer virtual é um símbolo para o espírito de assassinatos em série que está subjacente à loucura em todos os que encontramos (ou esperemos que não) em nosso mundo. Assim, em certo sentido, um ficcional Hannibal Lector, devidamente realizado, é tão real como Jack, o Estripador, e Ted Bundy.**

Dando uma caminhada no Lado Noturno

A partir daqui talvez pudéssemos perguntar por que alguém iria querer encontrar entidades do lado nortuno como Cthulhu. Acredito que o trabalho de Grant ganhou uma reputação injusta ganhou por ser excessivamnete sombria, e que talvez essa reputação se deve aos ocultistas "nova era”*** sem entender que o Universo (e nós mesmos por extensão) é composto por ambas, luz e trevas. É vital explorar essas energias cuidadosamente (e com segurança), uma vez que em certo nível elas estão aí fora e são desagradáveis, mas elas também estão dentro de nós e são potenciais. Lembre-se da idéias de Freud sobre a necessidade de se expressar, e então assimilar as repressões; em um sentido mágico isto é o por que se enfrenta a escuridão, para vir à luz renascido como uma energia saudável ao invés de deixá-la como uma sombria bomba de tempo reprimida pronta para explodir. Muito trabalhos de Grant aqui são realmente uma visão perspicaz no conceito Teosófico do Habitante do Umbral – e ocultistas sérios não trabalham com o lado sombrio para prejudicar, mas sim para regenerar suas próprias repressões mais escuras na luz de um amor próprio.

O mais alto grau em ocultismo, de acordo com a Ordem Hermética da Aurora Dourada, é "Ipsissimus", que significa "alguém auto-completo em si mesmo": alguém que tem curado e absorvido todas as suas fraturas, suas peças quebradas, todos os seus demônios pessoais em um ser perfeito no conhecimento de sua (unificada) verdadeira vontade. Isto é mais potente e cura muito mais do que meditar sobre golfinhos e unicórnios, e eu sinto que entender "sombrio" como sendo arrepiante e assustador é perder totalmente as ideias nos escritos de Kenneth Grant, que na realidade mostra ser ele um dos mais sensatos ocultistas por aí. A esse respeito, os mitos servem perfeitamente como um veículo para essas idéias.

Aleister Crowley encontra Drácula e a Múmia

O estranho, a ficção sobrenatural, foi muito importante para Kenneth Grant, e seu uso do mito Lovecraftiano mostra claramente que ele viu isto como um recipiente capaz de transmitir profundas idéias esotéricas. Muitos ocultistas testemunham que a novela oculta muitas vezes serve como uma melhor transportadora de idéias que o livro de ocultismo, e Grant mesmo abraçou este conceito. Por exemplo, a novela Gamaliel10 de Grant, mostra claramente como ele entendeu o conceito oculto de vampirismo, ao contrário do um tanto estereotipado Europeu Oriental em um 'dinner jacket' e um sorriso de Bela Lugosi. Grant (em The Magical Revival) delineia o vampirismo de volta ao Egito antigo, fazendo referência as práticas de magia negra projetadas para manter a parte terrestre da alma (o ka) a serviço de um necromante (utilizando este sujeitado ka como um familiar), embora a prática original fosse para proteger as tumbas dos mortos. Este é um tema também explorado por Dion Fortune em The Demon Lover11, não obstante Fortune se aproxima de forma ligeiramente diferente, dado que o seu "vampiro" fictício não foi devidamente morto em primeiro lugar!
Nas Trilogias Tifonianas vemos o vampirismo exposto como uma transação de energia com um nível mais profundo que pode levar a uma diminuição de vitalidade, de vida e do ser, com ambos, o hospedeiro e o vampiro, trocando alguma coisa – geralmente resultando na persistência do vampiro e a diminuição do hospedeiro.

Sobek-neferu-re
(Sobek É a Beleza de Rá)
Tanto Aleister Crowley quanto Austin Osman Spare mergulharam seus dedos no assunto do Vampirismo em seus escritos; Grant, no entanto, pulou na piscina, de roupa e tudo. Na verdade, o assunto é central para um tema encontrado em todo o trabalho de Grant, a idéia de "gnose estelar". Um dos tópicos históricos que Grant explora é o da Rainha SobekNoferu, que historicamente governou o Egito durante quatro anos, no final da XIIº Dinastia, direcionando o Egito para o fim do período do Médio Reinado. Sabemos muito pouco sobre a SobekNoferu histórica, no entanto o seu nome (que significa "Amada de Sobek") sugere uma ligação com o deus Egípcio crocodilo Sobek.

Esta conexão faz parte do mito original da tradição Tifoniana, que olha para a antiguidade e para as práticas religiosas iniciais conectando a humanidade com nossas Deusas. Dion Fortune em Sacerdotisa da Lua12 aludiu a uma tradição semelhante, e a idéia de civilizações anteriores ao Egito na região do Nilo é ainda algo considerado hoje controverso através da investigação de pessoas como John Anthony West e Robert Schoch**** e seus revisados encontros da Grande Esfinge. Grant viu SobekNoferu como uma restauradora que trouxe esta tradição a partir da mais remota antiguidade para a antiguidade mais próxima:

"O oráculo é ThERA13, Rainha das Sete Estrelas que reinou na XIII Dinastia como Rainha Sebek-nefer-Ra. Foi ela que trouxe de um passado indefinidamente mais antigo, anterior mesmo ao Egito, a original Gnose Tifoniana."14

A interpretação da Jóia das Sete Estrelas de Bram Stoker pela “Casa de Horror Hammer”***** em Sangue no Sarcófago da Múmia exala pura elegância Cinquentista com a seminua Valerie Leon como a (des)mumificada e ainda vital e altamente sexy cadáver de Tera15 sobrevivendo através dos séculos para reviver nos tempos modernos; uma pegada mais moderna e ocultista sobre o conto de Bram Stoker, e mais fiel ao legado sideral de Grant e Austin Osman Spare e, talvez ,capturando alguns dos ambientes de Nu-Isis em que Kenneth Grant estava mergulhado na década de 1960. Na minha opinião este é o filme mais Tifoniano já feito; embora ligeiramente menos preciso (em um nível arqueológico) do que outros filmes de história16, mas pode facilmente deslizar para uma situação de assistir ao filme, onde o erudito Kenneth Grant sai das sombras para explicar a narrativa (na verdade, ele praticamente o faz nos primeiros volumes de suas Trilogias).

Eu acho que parte da importância para Kenneth Grant em relação a Rainha Sobek-Nefer-Ra é que ela é do sexo feminino. Aleister Crowley, enquanto brilhante em seu caminho, era um iconoclasta que moveu adiante o ocultismo nos difíceis anos de formação do século XX. No entanto, ele era basicamente um cavalheiro Vitoriano, com, sinto eu, algumas tendências misóginas que persistiram em seu ensino. É claro a partir de seus escritos que ele via suas mulheres escarlates como subserviente ao seu trabalho e que todas elas tinham funções dentro de seu caminho. De fato uma das razões pelas quais eu não acho que Aleister Crowley teve muita influência sobre Gerald Gardner durante a formação do movimento Wicca é que Crowley certamente não era do tipo de se submeter a uma Sacerdotisa; tudo o que há a partir de Gardner.

Kenneth Grant, porém, é muito mais equilibrado em seus escritos, e evitando as armadilhas de Crowley e Gardner, dá mérito igual a ambos os mistérios, masculino e feminino, em sua obra, reconhecendo que ambos os sexos adicionam em seus próprios caminhos para a iniciação e o avanço da corrente mágica. No trabalho de Kenneth Grant lemos sobre esoterismo tanto numa perspectiva masculina quanto numa perspectiva feminina e temas importantes como Kalas são introduzidos e desenvolvidos.

O Crepúsculo entre Ficção e Fato

"Mephi" de KG
Against the Light©
Experiências estranhas movem inteiramente o trabalho de Kenneth Grant como parte de um entrelace mais profundo com conexões providas dessas ocorrências. Estas muitas vezes começam como estranhos eventos que são descritos e, depois, desenvolvidos em livros posteriores, muitas vezes crescendo de forma tangencial, como Grant atribui essas manifestações de diferentes conceitos.

Uma vez que tal fio diz respeito à estátua de Mefistófeles (carinhosamente apelidado de "Mephi" por Grant) que primeiro encontramos mencionado em Hecates's Fountain como uma estátua que Kenneth comprou no empório de Busche, em Chancery Lane, um estabelecimento que parece ter florescido antes da Segunda Guerra Mundial. Esta estátua parece ter tido uma vida própria, aparentemente seguindo Grant até em casa em vez de ser adquirido de forma mais tradicional, com Grant achando um pouco mais tarde, e ao tentar devolver a estátua descobre que o empório tinha fechado17. Um pouco mais tarde, em Hecate's Fountain18 descobrimos que Mephi encontra seu caminho em um rito de Oolak (um dos Grandes Antigos do sistema de Grant) da Nu-Isis e serve para aterrar os poderes levantados no rito. Mephi em seguida, aparece misteriosamente na Novela Against the Light como uma ilustração na capa, bem como sendo referido no livro em que Grant nos dá um relato da compra da estátua. Tudo isso pode soar um pouco estranho e improvável, no entanto coisas estranhas como esta acontecem aos ocultistas, e alguns objetos entusiasmados com presença parecem, muitas vezes, ter uma finalidade própria. Eu sinto que os relatos de Mephi, em todos os livros de Kenneth Grant, representam estranhos acontecimentos que realmente ocorreram enquanto ele era dono da estátua.

Minha novela favorita de Kenneth Grant é Against the Light, a qual eu sinto ser uma jóia absoluta (é importante notar que o "Contra"- Against no original - do título significa próximo a, como se com um amante, e certamente não oposto ou sugerindo diabólica magia negra). Against the Light é tecido através de fios do próprio passado de Grant; como é observado ele menciona o negociante em Charing Cross Road, em Londres, de quem obteve a sua estátua de Mefistófeles; há referências ao (talvez fictício) Grimório Grantino, personagens fictícios de vários contos estranhos, como Helen Vaughan e uma constante indefinição de ficção e realidade. Isso tudo é para o bem, uma vez que nos deixa todos querendo saber o que realmente é a realidade. Talvez a verdade seja que é tudo ficção; tudo verdade. Talvez nossas próprias vidas sejam tudo ficção, tudo verdade. A nebulosidade limítrofe é onde o magista, o artista e o poeta tudo aguenta dentro de suas próprias cadências – e é claro que Grant era tudo isso, e perfeitamente confortável nesta zona de penumbra.

O notável escritor e mago Alan Moore escreveu uma divertida e erudita crítica19 deste livro, que eu entendo Kenneth Grant ter gostado muito. Em sua crítica Moore descreve o valor e o poder dos romances de Grant como emergindo de seu lugar único entre fato e ficção. Aqui, emoldurado em ficção, vemos magia despejar em nossa dimensão infundindo tudo o que toca. Grant é simultaneamente, extremamente brincalhão ainda que mortalmente sério. Oolak (mencionado acima) é uma forma de Conde Orlok de Nosferatu20. Mais uma vez, como a conexão Lovecraftiana através da qual Grant explorou o vampirismo em ritual desses nódulos ficcionais podem servir como entradas para as energias que sustentam a sua existência. Grant dá algumas dicas em seu trabalho sobre exatamente como ele trabalhava, e para entender mais disso, precisamos ler as entrelinhas e nos envolver em alguma especulação. Nós lemos alguns relatos fantásticos nos livros, como o seguinte de Hecate’s Fountain, o que dá o maior número de relatos das práticas que a loja Nu-Isis executou. Mais maravilhosamente lemos na página 53 da edição da Skoob:

"O salão estava preparado para exibir a vastidão nevada daquele abominável platô situação em regiões astrais que coincidem terrestrialmente com certas regiões da Ásia Central não precisamente especificado por Al Hazred. As paredes e o chão eram brancos, e brancos eram os sete caixões arrumados sobre cavaletes diante de um altar deslumbrantemente branco onde montes de neve brilhavam e traçou sobre as pistas de gelo suaves de três pirâmides ... "21

Claramente precisamos ler descrições como esta com um olhar atento e perceber que Grant não está falando de alguma decoração em um quarto de hóspedes no andar de cima! Embora possa ter havido alguma decoração física no local de trabalho (dado os talentos artísticos de Kenneth e Steffi Grant), é duvidoso que um espaço para trabalho mágico seja tão grande. Um outro indício, porém, é sugerida a seguinte relato:

"O salão da loja foi preparado para a realização de um tipo de feitiçaria licantrópica e necromântica associada com dois específicos túneis de Set. Imagine, portanto, uma miniatura completa da versão mais complexa das cavernas de Dashwood com – em lugar das várias grutas providas para flerte sensual – uma série de celas em forma de concha, como vórtices petrificados, projetados com o único propósito de atrair em suas circunvoluções as energias ocultas de Yuggoth, e focalizando através delas os kalas de Nu Isis, representados por uma gigantesca vesica em forma de prisma. A decoração foi sobrenatural ao extremo, as iluminações engenhosamente arranjadas a conferir um sinistro e cambiante jogo de luz e sombra combinados com audíveis imagens sugestivas de águas impetuosas e assobios de ventos astrais; uma atmosfera completamente estranha criada por poucos toques hábeis e de suprema qualidade artística.”22

Observe o uso de palavras e frases como imagine e ventos astrais. Tal terminologia é sugestiva de que essas configurações foram imaginadas na mente dos participantes do trabalho. Isso não é tão estranho quanto seria de se esperar, uma vez que as habilidades em visualização são cruciais para trabalho oculto, e está dentro dos olhos mentais em que o fenômeno é visto. Estamos todos familiarizados com a idéia de um palácio da memória, onde um edifício é visualmente perpetrado de memória como uma coleção de pontos de ancoragem que prendem objetos específicos em seu locus. Exatamente a mesma coisa está acontecendo aqui e Grant, enquanto escrevendo de uma forma evocativa, está, acredito eu, descrevendo como os participantes da Loja Nu-Isis começariam seu trabalho através da criação de um "espaço visual" interno como um local mental, pronto para contactar as entidades que estavam sujeitas ao ritual em andamento.

Sobre Estranhas Marés

The Oracle
 Zos Speaks!©
Um dos temas mais notáveis ​​no corpo de trabalho de Kenneth Grant é seu reconhecimento do trabalho de outros ocultistas, como eles se prolongam na corrente do trabalho mágico que ele descreve. O mais notável destes superstars foi, naturalmente, o artista ocultista Austin Osman Spare, que era um amigo próximo de Kenneth e Steffi Grant até sua morte em 1956. Vale bem a pena obter uma cópia do Zos Speaks23 de Grant, que detalha a comunicação entre ele e Spare, bem como a publicação do grimório de Spare, The Book of Zos vel Thanatos. Muitas vezes se tem observado que sem Kenneth Grant continuamente a defender seu trabalho, haveria o perigo de que Spare tivesse sido esquecido atualmente. Certamente Spare, por ser um pouco recluso, tinha desaparecido da ribalta pública na época em que conheceu Kenneth Grant e seu retorno à proeminência só começou realmente em 1975, quando o livro de Grant, Images and Oracles of Austin Osman Spare24 foi publicado. Percorremos um longo caminho desde as imagens monocromáticas encontradas neste livro quase quarentão, até os lindamente talismãnicos livros que as modernas editoras, como Starfire e Fulgur produzem hoje, em que podemos ver a arte gloriosa de Austin Spare pródigamente reproduzidas em cor de total alta definição.

Outro ocultista notável trazido a destaque pelo trabalho de Grant é Michael Bertiaux, cuja obra está recentemente experimentando um renascimento graças à reimpressão de seu famosíssimo obscuro e anteriormente inconseguível Voudon Gnostic Workbook25. Temos também Nema (mencionada nas Trilogias como Soror Andahadna), cuja peça canalizada Liber Pennae Praenumbra lindamente evoca o melhor de Thelema, falando de um universo mágico muito maior do que nós, cheio de mistério e maravilha.

Em livros posteriores de Grant nós até mesmo vemos referência ao falecido Andrew D. Chumbley, cuja reinicialização da bruxaria tradicional em seu Azoëtia26 remete a alguns dos temas desenvolvidos por Austin Spare em "The Witches Sabbath". Há muitas outras referências a ocultistas emergentes no trabalho de Grant, e não pode haver a mínima dúvida que seu apoio ajudou a trazer esses escritores à atenção de ocultistas e, em alguns casos, de um público mais amplo.

Os escritos de Kenneth Grant tem sido publicados desde a década de 1960, e até sua morte recente, tinha havido sempre um novo livro para aguardar ansiosamente. Alan Moore nota em sua crítica de Against the Light27por que a maioria dos ocultistas que eu conheço, inclusive eu, têm mais ou menos tudo que Grant já tenha publicado descansando em suas prateleiras?” Apesar de sua morte, sua influência continua a crescer e estamos já vendo trabalhos de escritores enriquecidos pelas Trilogias Tifonianas movendo-se no lado diurno – por exemplo, o grupo experimental britânico English Heretic produziu um álbum chamado Tales of Nu-Isis Lodgee28 que divertidamente coreografa os relatos em Hecate’s Fountain em música e a ficção fantástica encontrada na literatura e no cinema, como o filme original A Múmia29, Fungos de Yuggoth de Lovecraft30 e Invasores de Corpos31 que inspirou Grant.
Infelizmente o último título publicado foi o Grist to Whose Mill32, o qual, ironicamente, foi o primeiro romance de Kenneth Grant, escrito no início de 1950, que só agora emergiu da escuridão à luz para publicação. É triste que não veremos mais os maravilhosos e mágicos livros de Kenneth Grant embora a sua obra deva viver e crescer em nossos corações, mentes e almas.


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NOTAS:

(*)N.R. Perichoresis (pericorese) ou Interpenetração é um termo que surgiu na teologia cristã que aparece pela primeira vez em Gregório de Nazianzo. Do grego peri ("à volta") e chorein ("conter"). Kenneth Grant em Hecate's Fountain (pp. 17, cap.2), define o termo de maneira mais precisa como interpenetração de dimensões.

1 Pertencente de informações, contatos e conceitos que se originam de "outro lugar" e entra na esfera da consciência humana através da inconsciência.

2 A palavra sideral é usada aqui para descrever como uma perspectiva particular é necessária quando se olha para alguns dos conceitos e caracteristicas que Grant descreve.

3 Kenneth Grant, Outer Gateways, Skoob books: London, 1994

4 Arthur Machen, The Great God Pan, John Lane, 1984. Em língua portuguesa – O Grande Deus Pã, Editora Saída de Emergência, 2007

5 John Keel, The Mothman Prophecies, Panther Books, 1975

6 Daniel Harms and John Wisdom Gonce, The Necronomicon Files, Red Wheel/Weiser, 2003

*N.T. - Entusiasmo (do grego en + theos, literalmente 'em Deus') originalmente significava inspiração ou possessão por uma entidade divina.

7 Kenneth Grant, The Magical Revival, Muller, 1972. No Brasil, Renascer da Magia - as Bases Metafísicas da Magia Sexual, Editora Madras, 1999.

8 Tecnicamente falando, gematria é o processo de atribuir números a palavras significativas e depois observar as palavras com o mesmo número para encontrar conexões significativas. Kenneth Grant expande isso com a gematria criativa que leva ainda mais longe as coisas, como veremos mais tarde.

9 É interessante esta sugestão que a palavra possa ser Enoquiana em natureza.

**N.T. - Theodore Robert Cowell, mais conhecido como Ted Bundy foi um dos mais temíveis assassinos em série da história dos EUA durante a década de 1970.

***N.T.- Fluffy-bunny no original; “Coelhinho felpudo”, ou Fluffbunny, é uma expressão pejorativa usada, inicialmente na Wicca e, posteriormente no Neopaganismo e Ocultismo em geral, para se referir aos 'adeptos' considerados superficiais ou caprichosos. Ele são aqueles que não gostam de elementos mais sombrios e enfatizam a bondade, luz, ecletismo, e elementos retirados do movimento da 'Nova Era', ou os que seguem o neo paganismo e/ou o ocultismo como um modismo.

10 Kenneth Grant, Gamaliel: The diary of a Vampire & Dance, Doll Dance, Starfire, 2003.

11 Embora a idéia de um vampiro como um fantasma faminto de força vital seja muito importante e surja freqüentemente no folclore e no ocultismo. No Brasil foi lançado como Paixão Diabólica – Editora Pensamento. 1988. 

12 Dion Fortune, Moon Magic, Red Wheel/Weiser, 2003. No Brasil, Sacerdotisa da Lua – Editora Pensamento. 1994.

****N.T. - John Anthony West é um egiptólogo americano, autor, professor, guia e um pioneiro na hipótese em geologia de erosão hídrica da Esfinge. Robert M. Schoch é professor associado de Ciências Naturais da Faculdade de Estudos Gerais da Universidade de Boston. Ph.D. em geologia e geofísica pela Universidade de Yale, ele é mais conhecido por seu argumento de que a Grande Esfinge de Gizé é muito mais antiga do que convencionalmente se pensa e que, possivelmente, algum tipo de catástrofe foi responsável por exterminar evidências de uma civilização muito mais antiga.

13 Tera. Ver de Bram Stoker - Jewel of the Seven Stars. No Brasil - A Jóia das Sete Estrelas, Europa-América,1997 .

14 Kenneth Grant, The Ninth Arch, Starfire Publishing, 2002, pp386

*****N.T. - Hammer Film Productions é uma companhia cinematográfica britânica especializada em filmes de terror.

15 .Em Stoker ela é chamada Tera como um trocadilho com Margaret, a protagonista do conto. Tera é, claro, as últimas quatro letras de Marg(aret).

16 Como Reencarnação (Awakening - 1980) e A Lenda da Múmia (Legend of the Mummy – 1997).

17 Encontramos com este conto ecos do conto de Aleister Crowley The Dream Circean que é em si mesmo uma releitura de um antigo conto sobre uma pessoa que visitando e sendo entretida dentro de uma casa, apenas para descobrir um pouco mais tarde que tinha sido abordada por anos.

18 Kenneth Grant, Hecate’s Fountain, Skoob, 1992

19 Alan Moore, Beyond our Ken, publicado na revista KAOS 14, Londres, Kaos-BabalonPress, 2002, p155- 162

20 Produzido por Enrico Dieckmann e estrelado por Max Schreck, Nosferatu, 1922.

21 Kenneth Grant, Hecate’s Fountain, Skoob Publishing, 1992, pp53

22 Kenneth Grant, Hecate’s Fountain, Skoob Publishing, 1992, pp10

23 Kenneth Grant, Zos Speaks, Fulgur Publishing, 1999.

24 Kenneth Grant, Images and Oracles of Austin Osman Spare, Muller, 1975.

25 Michael Bertiaux, The Voudon Gnostic Workbook, Red Wheel/Weiser, 2007

26 Andrew D. Chumbley, Azoëtia, Xoanon, 1992, 2002

27 Alan Moore, Beyond Our Ken, publicado na revista KAOS 14, Londres, Kaos-BabalonPress, 2002.

28 English Heretic, Tales of the New Isis Lodge, 2009. http://www.english-heretic.org.uk/

29 Universal Studios, A Múmia, 1932

30 HP Lovecraft, Fungi from Yuggoth. Em língua portuguesa – Os Fungos de Yuggoth - 36 sonetos produzidos entre 1929 a 1930.  Editora Nephelibata, 2011.

31 Vampiros de Almas (Body Snatchers), 1956.

32 Kenneth Grant, Grist to Whose Mill, Starfire Publishing, 2012

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Texto originalmente publicado na revista Darklore vol. VII.

©Tradução de Lília Palmeira - 2012
©Revisão de Cláudio César de Carvalho - 2012

©By Paolo Sammut - 2012
Paolo Sammut is a UK based researcher primarily interested in esoteric and paranormal subjects. His main areas of focus include Ceremonial Magic especially Enochiana and the Typhonian tradition, Spagyric Alchemy, Psychic Questing and Paranormal research. He lives in Somerset with a coterie of cats and his scarlet woman – herself a sorceress of no mean ability.
Paolo sporadically maintains a blog on: 
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©Por Paolo Sammut - 2012

Paolo Sammut é pesquisador e está sediado no Reino Unido. É interessado primeiramente em assuntos esotéricos e paranormal. Suas principais áreas de foco incluem Magia Cerimonial especialmente Enoquiana e a tradição Tifoniana, Alquimia Espagíria, Investigador psíquico e pesquisador de Paranormalidade. Ele mora em Somerset com uma confraria de gatos e sua mulher escarlate - ela própria uma feiticeira de nenhuma capacidade média.
Paolo esporadicamente mantém um blog:
http://liminalwhispers.blogspot.co.uk/